Opinião: A minha grande pena no que toca a este livro foi não ter conseguido mesmo lê-lo no decorrer do mês de Outubro, porque se inicialmente pensava, no fim fiquei com toda a certeza de que este é o tipo de livro ideal para ler nesse mês, mas é tão bom que aconselho que o leiam independentemente do mês ou da altura do ano em que o façam.
Este livro é mais um daqueles raros casos em que parto para uma leitura sem conhecer praticamente nada sobre o mesma, só tinha lido uma opinião, a da
Carla, mas de resto foram tudo expectativas. Expectativas essas que não só foram atingidas, como foram superadas.
Não sou uma leitora muito assídua deste género literário, mas a verdade é que gostei de tudo neste livro: as personagens, a construção de todo o enredo e a forma coerente como a vida dos personagens se foram cruzando.
Este livro conta-nos a história de Albano que sempre teve uma enorme e forte amizade com Augusto, ambos consideravam-se e viam-se como dois irmãos porque faziam tudo juntos. Mas com o avançar dos anos Augusto muda e revela-se uma pessoa completamente oposta àquela que Albano conhecia e gostava: sombrio e ressentido com a vida e com todos, o que acaba por levar o seu amigo de longa data, Albano, a afastar-se. Uma tragédia acontece no mês de Outubro e, Augusto morre queimado na serração do qual o seu pai é gerente. Como se uma tragédia não fosse suficiente, passados poucos meses desse incidente, Albano também tem que lidar com a morte da sua namorada da adolescência, Glória.
A verdade é que ambos esses acontecimentos acabam por abalar e muito a adolescência de Albano, acabando por moldá-lo para o resto da vida, uma vez que ele opta por ir estudar para bem longe de casa de modo a manter-se longe da aldeia que o viu nascer porque sente-se incapaz de lidar com aquele passado cheio de tristezas e perdas.
Albano torna-se médico num hospital psiquiátrico e depressa nos apercebemos que estamos perante um homem reservado e com muito poucas relações sociais (sinceramente diria nenhumas, mas pronto) sendo que é um homem que se limita a focar toda a sua atenção e energia no seu trabalho. Mas eis que coisas muito estranhas começam a acontecer e Albano começa a ser assombrado de variadíssimas formas pelo seu tão oprimido e tenebroso passado.
Por sorte Albano cruza-se com Patrícia, uma enfermeira no mesmo hospital, que o acompanha durante esta jornada em que procura entender o que se está a passar, sendo Patrícia o seu grande pilar durante todo este caminho, acabando por ficar também ela em perigo de várias formas.
É aqui que a história começa a ganhar forma o faz o leitor querer saber constantemente o que é que realmente se está a passar, mas a verdade está mesmo em cima dos nossos olhos e no final tudo nos é explicado.
Os capítulos deste livro vão intercalando entre o presente da vida de Albano e o seu passado, sendo que enquanto vamos acompanhando o seu dia-a-dia, vamos também conhecendo alguns detalhes fundamentais do seu passado.
Diria que esta estreia da autora foi um excelente começo, tão bom que sinceramente não diria que fosse o seu primeiro livro a ser publicado, porque a verdade é que ela soube colocar todos os ingredientes nesta obra, não conseguindo deixar o autor indiferente à mesma.
E bem, aquele final deixou-me com a pulginha atrás da orelha porque de alguma forma ficou em aberto, então acho que este é daqueles livros passível de ter uma continuação do futuro, porque cá para mim as coisas podem ter terminado, mas também existe a probabilidade de não estarem assim tão terminadas.
"Um dragão cuspirá sempre fogo, por muito que o adores. E, a determinada altura, tens de escolher. Ou acabas com ele, ou deixas que ele consuma o teu lar. O mal só termina quando aniquilado."